Pequim (Portal Supremo) — Uma grande operação policial na China levou à prisão de mais de 30 pastores e líderes cristãos ligados à Zion Church, uma das maiores redes de igrejas protestantes independentes do país. As detenções ocorreram entre o fim de setembro e o início de outubro em diversas províncias, incluindo Pequim, Guangxi, Xangai e Zhejiang, segundo informações de organizações internacionais como ChinaAid, Radio Free Asia e Barnabas Aid.
A Zion Church foi fundada em 2007 pelo pastor Jin Mingri (Ezra Jin) e se expandiu rapidamente por dezenas de cidades, reunindo milhares de fiéis. A igreja é cristã protestante (evangélica), mas não está registrada junto ao sistema religioso oficial da China — o que a classifica como uma “igreja doméstica” ou “igreja subterrânea”.
De acordo com relatórios internacionais, o governo chinês acusa os detidos de crimes técnicos, como “uso ilegal de redes de informação” e “disseminação não autorizada de conteúdo religioso pela internet”. Porém, entidades de direitos humanos denunciam que se trata de perseguição religiosa disfarçada de infração administrativa.
“É a maior repressão a igrejas independentes desde 2018”, afirmou o relatório da organização ChinaAid, sediada nos Estados Unidos. “Esses líderes não cometeram crimes — apenas pregaram o Evangelho fora do controle estatal.”

Por que o governo chinês persegue essas igrejas
Na China, todas as religiões devem se registrar junto a órgãos controlados pelo Partido Comunista, como o Three-Self Patriotic Movement, que supervisiona as igrejas protestantes oficiais. As comunidades que se recusam a esse registro são consideradas ilegais.
O presidente Xi Jinping tem promovido o conceito de “sinicização da religião”, que exige que todas as crenças se adaptem aos “valores socialistas e à cultura chinesa”. Isso inclui restrições severas à pregação online, à organização de cultos e à circulação de material religioso.
O termo “rede clandestina”, usado em redes sociais para descrever a Zion Church, refere-se justamente ao fato de que essas igrejas funcionam fora do sistema estatal, reunindo-se em casas, pequenos templos e, mais recentemente, por meio de plataformas virtuais.
Reação internacional e silêncio da China
Até o momento, o governo chinês não confirmou oficialmente as prisões, mas órgãos de segurança divulgaram comunicados sobre a “repressão a atividades religiosas online com fins ilegais”.
ONGs e líderes cristãos em outros países têm condenado o episódio, pedindo que governos ocidentais pressionem Pequim por liberdade de culto e expressão.
“O Partido Comunista vê qualquer forma de fé independente como uma ameaça à autoridade do Estado”, disse um analista da Radio Free Asia. “Esses cristãos são tratados como subversivos simplesmente por não aceitarem controle ideológico.”
Contexto histórico
Desde 2018, a China intensificou sua vigilância sobre comunidades religiosas. Igrejas, templos e até mesquitas foram obrigados a exibir retratos de Xi Jinping e bandeiras nacionais.
Bíblias e livros religiosos foram removidos de plataformas online e, em alguns casos, revisados com interpretações socialistas.
A Zion Church já havia sido alvo do governo em 2018, quando seu templo principal em Pequim foi fechado. O pastor Jin Mingri foi colocado sob vigilância, mas continuou pregando por meios digitais — o que agora pode ter motivado a nova onda de prisões.





