A Nigéria, uma das maiores nações da África, tem se tornado palco de uma das mais severas perseguições religiosas do século XXI. Milhares de cristãos são mortos, sequestrados e expulsos de suas casas todos os anos, vítimas de grupos extremistas e de uma violência que o mundo insiste em ignorar.
De acordo com o relatório anual da Open Doors (Portas Abertas), divulgado em 2024, mais de 5.600 cristãos foram assassinados na Nigéria apenas em 2023 por motivos relacionados à fé. O país ocupa o sexto lugar no ranking mundial de perseguição religiosa, mas lidera o número de mortes e ataques diretos contra igrejas.
Os ataques são promovidos principalmente por grupos como o Boko Haram e milícias extremistas Fulani, que queimam vilas inteiras, sequestram pastores e atacam comunidades rurais cristãs. Em muitos casos, o governo nigeriano é acusado de omissão e de não oferecer a devida proteção às vítimas.

Segundo o relatório da Anistia Internacional, o avanço da violência nas regiões centrais e do norte da Nigéria já deixou mais de 2 milhões de deslocados internos. Famílias inteiras vivem em acampamentos improvisados, sem acesso adequado a água, alimentação ou segurança. Crianças e idosos estão entre as principais vítimas desse cenário trágico.
A organização Aid to the Church in Need (Ajuda à Igreja que Sofre) relata que cerca de 200 igrejas foram destruídas entre 2023 e 2024, e centenas de sacerdotes, pastores e fiéis foram sequestrados. Em alguns casos, os sequestros terminam em assassinatos brutais, gravados e divulgados por extremistas como forma de intimidação.

Apesar da violência, a fé cristã na Nigéria permanece viva. Comunidades inteiras continuam se reunindo em meio às ruínas de igrejas incendiadas, celebrando missas e cultos ao ar livre, muitas vezes sob o risco de novos ataques. Esse testemunho de fé e resistência tem chamado atenção de organizações humanitárias de todo o mundo.
O papa Francisco, em pronunciamentos recentes, lamentou o “silêncio da comunidade internacional diante do genocídio silencioso contra os cristãos nigerianos”. Ele apelou por orações e ações concretas em defesa das vítimas.
Especialistas em direitos humanos têm classificado a situação como “limpeza religiosa”, uma tentativa de erradicar comunidades cristãs de certas regiões do país. Segundo a Open Doors, quase metade dos estados nigerianos registraram ataques diretos a cristãos em 2024, um número que cresce ano após ano.

Enquanto o mundo se volta a outros conflitos, o drama dos cristãos nigerianos segue invisível. Igrejas destruídas, aldeias queimadas, famílias deslocadas e um povo que se recusa a perder a fé — essa é a realidade que precisa ser contada e lembrada.
A Nigéria, uma nação rica em recursos e cultura, se transforma, dia após dia, em símbolo da dor e da resistência de quem acredita em Cristo, mesmo diante da perseguição mais brutal.




