A Polícia Federal deflagrou a Operação Sem Desconto em 2025, revelando um esquema de fraudes bilionárias no INSS. A investigação apontou que milhões de aposentados e pensionistas estavam sendo cobrados indevidamente por serviços não autorizados, por meio de sindicatos e associações conveniadas ao sistema previdenciário.
O principal alvo é o Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados), acusado de realizar cobranças sistemáticas sem consentimento dos beneficiários. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), 76,9% dos aposentados não autorizaram os descontos vinculados à entidade.
CPI do INSS: palco de embates e blindagens
A criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS foi uma resposta à pressão popular e à gravidade das denúncias. No entanto, a condução da CPI tem sido marcada por rejeições de convocações estratégicas, como a de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Lula e vice-presidente do Sindnapi.
A convocação de Frei Chico foi barrada por 19 votos contra 11, gerando críticas da oposição e levantando suspeitas de blindagem política por parte da base governista. Também foi rejeitada a quebra de sigilo fiscal do ministro da Previdência, Carlos Lupi, enquanto o advogado Eli Cohen, responsável por denunciar o esquema, teve seu sigilo bancário aprovado pela comissão.
STF e o debate sobre interferência institucional

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o bloqueio de R$ 390 milhões em bens do Sindnapi, mas também tem sido alvo de críticas por suposta proteção a aliados do governo. Embora não haja decisão formal que impeça a CPI de avançar, parlamentares da oposição acusam o STF de interferência indireta ao não permitir certas quebras de sigilo e convocações consideradas essenciais para o avanço das investigações.
Envolvimento político e silêncio estratégico
Apesar de não haver investigação formal contra Frei Chico, sua posição de liderança no sindicato investigado e a articulação política para barrar sua convocação levantam questionamentos sobre o alcance da fraude e o envolvimento de figuras próximas ao governo.
O próprio Frei Chico se manifestou publicamente, negando qualquer participação no esquema e alegando ser alvo de “acusações falsas e ofensivas” nas redes sociais. A base governista sustenta que não há elementos jurídicos que justifiquem sua convocação, enquanto a oposição vê na rejeição um sinal de proteção institucionalizada.
Impacto nas contas públicas: o Brasil pode quebrar?
A fraude no INSS ocorre em um contexto de fragilidade fiscal. A Previdência Social representa quase 50% do orçamento federal, e um rombo bilionário como o revelado pode comprometer ainda mais a sustentabilidade das contas públicas.
Especialistas em finanças públicas alertam que, sem responsabilização e reformas estruturais, o Brasil pode enfrentar um colapso fiscal nos próximos anos. A percepção internacional de corrupção sistêmica também afeta a confiança de investidores e a credibilidade do país em organismos multilaterais.
Reflexão final: quem paga essa conta?
O escândalo do INSS não é apenas uma fraude administrativa — é um teste de integridade institucional. A blindagem de nomes estratégicos, a polarização na CPI e as suspeitas sobre o STF colocam em xeque a capacidade do Estado de proteger seus cidadãos e garantir justiça.
Enquanto aposentados são lesados e o sistema previdenciário sangra, o país se pergunta: quem será responsabilizado — e quem continuará protegido?

