Manaus, a capital do estado do Amazonas, com mais de 2,2 milhões de habitantes, enfrenta dificuldades logísticas devido à ausência de ligação terrestre com o restante do Brasil. A BR-319, estrada federal que conecta Porto Velho (RO) a Manaus, possui 877 quilômetros de extensão, sendo que um trecho intermediário, de aproximadamente 405 a 450 km, permanece sem pavimentação há mais de 40 anos.
A falta de infraestrutura impacta diretamente o custo de vida na região. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), o preço de produtos básicos na capital amazonense é, em média, 40% superior ao de outras cidades brasileiras, devido à dependência do transporte fluvial e aéreo. Além disso, a logística dificulta a chegada de ajuda humanitária em situações emergenciais, como ocorreu durante a pandemia de Covid-19 e as enchentes históricas do Rio Negro.
O projeto de pavimentação da BR-319 tem sido debatido há décadas e enfrenta desafios, especialmente no âmbito ambiental. Órgãos como o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) avaliam os impactos socioambientais da obra. Estudos do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) indicam que áreas com infraestrutura precária podem apresentar maior vulnerabilidade ao desmatamento e a queimadas ilegais. Por outro lado, pesquisas da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) sugerem que uma estrada pavimentada e monitorada, aliada a políticas públicas de conservação, pode reduzir a degradação ambiental.
O senador Plínio Valério (PSDB-AM) tem sido uma das vozes mais ativas na defesa da pavimentação da BR-319. Em pronunciamento no Senado, ele criticou a atuação de ONGs que, segundo ele, impedem o avanço da obra e perpetuam o isolamento da população local. Valério argumenta que a pavimentação da rodovia é essencial para garantir o direito de locomoção dos amazonenses e para promover o desenvolvimento econômico da região.
A proposta de pavimentação conta com apoio significativo da população amazonense. Pesquisas do Datafolha indicam que mais de 86% dos habitantes do estado veem a obra como essencial para o desenvolvimento econômico e social da região. No entanto, especialistas reforçam a necessidade de equilíbrio entre infraestrutura e preservação ambiental, garantindo que a intervenção seja sustentável.
O debate sobre a BR-319 segue em pauta, com interlocutores do setor público e privado buscando alternativas para viabilizar a obra de maneira que contemple tanto o desenvolvimento regional quanto a proteção da floresta amazônica.
