21/12/2024
Início » Clientes do Nubank perdem R$20 milhões em 1 dia com Americanas
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Lançado em janeiro de 2022, o fundo Nu Reserva Imediata tornou-se uma porta de entrada para milhares, ou até milhões, de investidores pessoa física no mundo dos investimentos. Apenas nos 10 primeiros dias úteis deste ano, o fundo ganhou 115 mil novos quotistas, chegando a 1,36 milhão.

O fundo também tornou-se uma máquina de captação para a “Nu Asset”, a gestora do Nubank, chegando a R$2,6 bilhões investidos nos 12 primeiros meses, em um número que tem crescido na casa de R$150 milhões por semana, ou R$600 milhões mensais, nos últimos 3 meses.

Com uma taxa de administração baixa, em torno de 0,3%, o fundo tem entregado retornos melhores aos investidores do que os tradicionais 100% do CDI gerados pela NuConta, mas para isso, tem assumido alguns riscos.

Apesar de se tratar de um Fundo Reserva, o que normalmente significa dinheiro aplicado no Tesouro, o fundo se aventura em títulos além daqueles do próprio governo, considerados os de menor risco.

Conforme divulgou O Globo na última sexta-feira, o fundo principal do Nubank investia em 2 debêntures das Lojas Americanas, em torno de 1,2% do seu capital em setembro, última data em que o balancete do fundo foi divulgado na CVM, a Comissão de Valores Mobiliários.

As debêntures, títulos de dívidas emitidos pela própria empresa, eram consideradas de grau extremamente seguros pelas agências de risco. Na prática, as agências chegaram a considerar mais seguro comprar títulos das americanas do que do governo brasileiro.

Ainda assim, o escândalo descoberto na última semana, que apontou a existência de R$20 bilhões em dívidas novas além das R$19 bilhões que já eram conhecidas no balanço das Americanas, fez derreter o valor destes investimentos.

O site da CVM informa que no dia 13/01, a quota do Nu Reserva atingiu 1,138, ou seja, 13,8% desde o lançamento em janeiro de 2022. O número significa uma queda em relação à quota do dia anterior, de 1,147, ou 14,7% desde o lançamento.

Em termos de valores, o fundo do Nu captou R$118 milhões apenas no dia 13, tendo saques na ordem de R$33 milhões, o que implicou em um aumento de R$85 milhões em recursos novos no fundo.

O patrimônio do fundo, entretanto, saiu de R$2,612 bilhões para R$2,677 bilhões, um aumento de R$65 milhões. A diferença, pode ser atribuída a remarcação dos títulos que o fundo possui das Americanas, algo em torno de R$19 milhões, mais a variação diária que o fundo deveria ter recebido, levando o número para um pouco mais de R$20 milhões.

A marcação a mercado deve se tornar regra. Na prática ela significa que os títulos, mesmo de renda fixa, podem variar de valor, se houver mudanças nas taxas de juros. Quando um título comprado com juros de 5% ao ano se vê em um novo cenário de juros em 10% ao ano, algo que ocorreu no Brasil com a alta da Selic, a taxa básica de juros, de 2% para os atuais 13,75%, significa que ele passa a valer menos. Quando o contrário ocorre, os títulos passam a valer mais.

A CVM determinou que a marcação a mercado seja exposta aos clientes, o que pode levar a confusões em clientes que compram um título esperando receber X% ao ano, mas veem um queda no seu investimento (supondo que ocorra uma alta, é improvável que alguém vá reclamar).

O Fundo do Nu continua a ter um retorno mais atrativo do que outros similares, obtendo um valor acima do CDI, tornando-se um investimento interessante. A grande questão, claro, é que os riscos de um fundo que tem em torno de 20% do seu patrimônio (R$530 milhões em debêntures), agora parecem mais claros.

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